Uma tragédia marcou a manhã deste såbado no bairro Boa Sorte, em Cariacica. O corpo de uma mulher, identificada como Maria Francisca de Souza, foi encontrado dentro de um valão com cerca de 10 metros de profundidade, localizado nos fundos de um supermercado na Rua Rolinha. Moradores relataram o choque ao se depararem com a cena: a vítima estava caída de bruços, com o rosto submerso na ågua.

Maria Francisca vivia uma realidade de dor silenciosa. Segundo vizinhos, ela era usuĂĄria de drogas e enfrentava constantes episĂłdios de violĂȘncia domĂ©stica. Em uma das ocorrĂȘncias registradas, havia denunciado o prĂłprio companheiro por agressĂŁo, apĂłs ele tentar tomar seu celular para trocar por entorpecentes.

Mais que um caso isolado, a morte de Maria Ă© o retrato cruel de uma realidade que se repete todos os dias nas periferias do Brasil: a destruição provocada pelas drogas dentro dos lares, que muitas vezes gera ciclos de violĂȘncia, abandono, doenças e morte.

Maria tambĂ©m enfrentava um histĂłrico de luta pela vida. Tinha passado por um cĂąncer e precisou retirar uma das mamas. Mesmo diante das dificuldades, ainda cuidava do filho, um menino autista de apenas 5 anos. Uma mulher que resistia — atĂ© que sua histĂłria foi tragicamente interrompida.

O corpo foi reconhecido por um conhecido da vĂ­tima e retirado da vala com apoio do Corpo de Bombeiros. As circunstĂąncias da morte estĂŁo sendo investigadas, mas o cenĂĄrio em que ela foi encontrada levanta a suspeita de um possĂ­vel feminicĂ­dio.

HistĂłrias como a de Maria escancaram uma ferida social profunda: famĂ­lias destruĂ­das pelo vĂ­cio, mulheres violentadas e crianças ĂłrfĂŁs de cuidado e proteção. A dependĂȘncia quĂ­mica, quando aliada Ă  ausĂȘncia de suporte psicolĂłgico, social e comunitĂĄrio, nĂŁo apenas destrĂłi vidas — ela ceifa futuros inteiros.

Quantas Marias ainda vĂŁo morrer no silĂȘncio de suas batalhas invisĂ­veis?

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